Decisão do campeonato de futesal |
Foi no final de
setembro, logo após a comemoração do aniversário da
cidade que a escola onde eu trabalhava ficou abarrotada de gente para ver e
aplaudir o time de futebol de salão mais querido da cidade, o time da
nossa escola. Era a decisão do campeonato de futesal entre as escolas da
região. O jogo deveria começar no horário marcado; isto
é, às quatorze horas em ponto. Já passava do meio dia e o goleiro, o maior goleiro da cidade, pois pesava mais de oitenta quilogramas ainda não aparecera. Onde será que o Joel se meteu? Comentou o Batata. Batata era nosso goleador. Tinha feito 23 gols no campeonato. Seu nome era Cristovão dos Santos. Ganhou o apelido de Batata porque aprendeu a jogar bola quando trabalhava na lavoura do pai, um pequeno produtor da zona rural das redondezas. Alguns que viram o Batata treinar, disseram que ele colocava uma batata dentro da bola de meia pra ela ficar mais pesada. Joel deve estar ainda comendo. Do jeito que gosta de comer, só vai parar na hora do jogo. Respondeu o técnico, enquanto enchia a bola do jogo. Só espero que não tenha dor de barriga depois que o jogo começar. Completou. Mais gente chegava. Parecia até a decisão do campeonato paulista de tanta gente. Quem estava contente era o seu Geraldo da cantina que não vencia fazer cachorros quentes. Edson. Gritou o professor de educação física. Não vai pisar na bola hoje que eu te mato. Apostei muito dinheiro neste jogo e não quero perder. Se vocês ganharem levo o time todo pra pizzaria. Edson , que estava mais preocupado em amarrar seus tênis, nem deu bola e continuou o que estava fazendo. Uma grande váia foi ouvida. Era o time adversário que acabava de chegar. Quem deu a notícia foi o Ari, que veio correndo e derrubou a latinha de cerveja na mala de roupa do time, que estava atrás da porta do vestiário. Finalmente o
jogo começou. Muito nervosismo e poucos chutes aos gols. Joel, que havia
trazido só um lanchinho, já mostrava sinais de fome. A bola
continuava rolando, mas faltava cinco minutos para terminar o jogo e ainda
estava tudo igual. A torcida incentivava, mas de nada adiantava. Nosso
técnico já tinha tentado de tudo. Fez todas as
substituições permitidas, brigou com os jogadores, brigou com o
juiz, mas que nada restava um minuto para o fim do tempo e continuava zero a
zero no placar. O penalt ía ser batido. Nosso goleiro já estava gelado no centro do gol. O técnico do time adversário chamou o melhor batedor de faltas do seu time, falou alguma coisa no seu ouvido e o juiz autorizou a cobrança. O goleiro do time adversário foi para o centro da quadra. O batedor se afastou a uma distância grande da bola, correu e encheu o pé. O chute foi tão forte que a bola subiu, bateu na tabela de basquete, voltou violentamente e entrou no gol do time adversário. O povo presente não sabia se ria ou se chorava. Em seguida o juiz encerrou a partida. E foi assim que o time do colégio foi campeão naquele ano. Você pode não acreditar, mas foi isto o que realmente aconteceu. Eu era um dos professores presentes naquele dia. Luiz Antônio de Morais |
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